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Revolta digital

Data: 02/02/2012 16:00

Autor: Fabiano Rabaneda

A raça humana tem se deparado, por inúmeros momentos de sua história, com revoltas e movimentos de motivação ideológica, que, inevitavelmente, produziram drástica mudança nas instituições e ideários sócio-políticos.

Depois da Grande Guerra, o homem passou a tutelar com mais abrangência as garantias fundamentais, sempre com vista a permitir que a sociedade possa progredir diante da tolerância a grupos distintos, e, não menos importante, ocupantes da chamada “minoria”.

A Tecnologia da Informação, representada pelos anseios de se fazer mais por menos, acabou por disseminar princípios e ideologias que movimentam a cultura em sentido diametralmente oposto aos paradigmas consolidados do mundo analógico.

Depois da Internet o mundo nunca mais foi o mesmo.

A geração dos que vivem na transição das maquinas para os processadores já tem opinião transformada sobre a cultura de seus antepassados: é velho e desumano.

Agora a informação é  processada nas fibras óticas de um mundo perfeito, projetadas no silício dos semicondutores na melhor forma que pretendemos ser.

Enquanto Luiza chegava do Canadá, Teló fazia sucesso do outro lado do mundo, instantaneamente.

Certo que podemos considerar que vivemos em uma revolução. E, em tudo que é novo, os métodos de transformação podem se dar de maneira pacífica ou por manifestações violentas e de uma perspectiva psicológica complexa e irregular.

Recentes manifestações contra o controle da Internet se esbarram em ataques terroristas de grupos sociais anônimos, que proliferam o medo e a destruição, sob motivação ideológica anárquica e sem ter uma pauta política realmente definida.

Como nas décadas analógicas, agora a explosão do carro-bomba atinge espaços virtuais, e, não menos, causam estragos estratosféricos no mundo real.

Embora haja tipificação criminal para o ciberterrorismo, como, por exemplo a sabotagem, com pena de reclusão de um a três anos, observamos que, a cada dia, aumentam as investidas desses cruéis transgressores.

No argumento de liberdade, crackers promovem ataques a sites de bancos, empresas de renome, entidades públicas, até da segurança pública.

Qual a motivação? Dizem que é para libertar o mundo da opressão do capitalismo.

Mentira!

Tratam-se de delinquentes sem argumentação político-ideológica que promovem apenas a autopromoção em seu meio de convívio.

Usam a pauta de reinvindicações vigente para justificar o crime e perpetuar uma possível simpatia social dos menos informados.

Fato é que esses grupos são alimentados pela mídia, que, até de forma inocente, divulga seus ataques, trazendo para a sociedade suas pseudo-ideologias.

Em contraponto, diante do temor, corre-se o risco grave e eminente da aprovação de leis mais rígidas, fermentadas no clamor público da vingança.

E neste fervilhar de ideias perde a sociedade, que, desinformada, peca por não manter investimentos em segurança da informação, permitindo que portas abertas sejam utilizadas para promoção de ataques coordenados por computadores zumbis.

É novo, eu sei. Providências precisam ser tomadas, senão corremos o risco de voltarmos a época das engrenagens.

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Fabiano Rabaneda é advogado especialista em Direito Eletrônico e Tecnologia da Informação e vice-presidente da Comissão de Direito Eletrônico da OAB/MT.

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