Em meio ao índices elevados de violência e medo, Mato Grosso poderá ser o primeiro Estado brasileiro a ter uma Polícia verdadeiramente cidadã. A afirmação foi feita pela presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, Betsey de Miranda, ao conhecer o trabalho de treinamento que está sendo realizado com o Grupo de Operações Especiais (GOE). Ela acompanhou uma demonstração do trabalho de abordagem ao cidadão. "Pelo que eu vi, é tudo que se a sociedade espera de uma Polícia" - disse a advogada.
O modelo de abordagem que está sendo implantado pelo Grupo de Operações Especiais da Polícia Judiciária de Mato Grosso consiste nas práticas utilizadas pela Polícia da França e Swat, dos Estados Unidos. Segundo Betsey, o principal aspecto está no respeito ao cidadão, sem perder a autoridade. "O que ocorre na maioria das vezes é que o cidadão tem medo da Polícia pela sua abordagem, pelo jeito como é tratado, com palavrões, de forma agressiva. Nesse novo método, isso não acontece" - comentou.
O sistema híbrido consiste em utilização de três métodos de abordagem. O primeiro, segundo explicou o delegado Dinelson Pires Júnior, é essencialmente educativo. O policial aborda o cidadão com cumprimentos cordiais e um segundo policial fica a distância, com a mão sob a arma guardada. No segundo tipo de abordagem, as arma desse segundo policial à distância já se encontra à mão do policial, mas encoberta totalmente. A terceira situação se divide em duas: na primeira, o policial já demonstra estar armado, com o equipamento num ângulo de 45º para baixo.
O mais importante de tudo é que não há palavrões, não há alterações de voz, absolutamente nada. O cidadão se sente absolutamente protegido explicou a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB. Betsey destacou que o cidadão, atualmente, reage mal a presença da Polícia em qualquer circunstância. É preciso se criar, como está sendo feito agora, um padrão que possa aproximar qualquer pessoa do policial. Que não haja esse distanciamento, que a autoridade seja exercida com respeito e dignidade a quem quer que seja frisou.
O trabalho que está sendo desenvolvido no Grupo de Operações Especiais (GOE) deverá ser estendido para toda a Polícia em Mato Grosso. Inclusive, a Polícia Militar. Segundo Betsey a sociedade como um todo só tem a agradecer. Com certeza, a partir dessa realidade, a Polícia de Mato Grosso se transformará num exemplo para todo o Brasil. A nossa expectativa é de que isso aconteça. É um sonho de quem milita nos direitos humanos e sabe como a Polícia age disse.