Jamais nos furtaremos de qualquer movimento que venha ao encontro do interesse da sociedade. A afirmação foi feita pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad, ao receber nesta quinta-feira, na sede da Seccional, o secretário de Saúde de Cuiabá, deputado Guilherme Maluf. Por quase uma hora, os dois falaram sobre os problemas que o setor enfrenta e que vêm se acumulando há anos provocando insegurança na população. Eles chegaram a conclusão de que é preciso que a sociedade se mobilize. A OAB não vai ficar de braços cruzados disse.
Há pelo menos 20 anos a situação da saúde pública é a mesma em Cuiabá. Existe falta de medicamentos, médicos e profissionais insatisfeitos com salários, condições inadequadas para atendimento médico-hospitalar e superlotação. ?A cidade cresceu, os municípios e até outros estados que se servem da estrutura da saúde pública de Cuiabá também cresceram, mas a estrutura segue a mesma lembrou o presidente da OAB, que já foi vereador em Alta Floresta e se recorda que, a exemplo de hoje, quando havia dificuldades de atendimento na cidade, pacientes eram colocados nas ambulâncias e trazidos para a Capital.
O quadro, na avaliação do presidente da OAB, vem se agravando. Esta semana, a presidente do Sindicato dos Médicos, Maria Cristina Pacheco da Costa Fortuna, esteve na Ordem e denunciou que a falta de álcool, soro glicosado, dipirona e de equipamentos cirúrgicos vitimaram duas crianças em fevereiro. Ela também denunciou falta de alvará daVigilância Sanitária para o funcionamento do Pronto Socorro. A Unidade de Terapia Intensiva não possui tomógrafo e equipamento de endoscopia. Adolescentes, com idade acima de 12 anos, são atendidos no setor de adultos.
Na reunião, Maluf admitiu que há várias situações que precisam ser regularizadas no setor de saúde de Cuiabá. A falta de medicamentos é atribuída a existência de local inapropriado para estocagem. Ele disse, porém, que é possível reverter a situação. O secretário disse já ter recebido do prefeito Wilson Santos sinal verde para resolver a questão dos salários dos profisionais médicos. Em que pese bem remunerados, com plantonistas ganhando um vencimento superior a R$ 3 mil, o salário-base está aquém, chegando somente a R$ 700,00. Vamos elaborar o PCCS da categoria disse.
Maluf condenou o atual modelo de financiamento da saúde. Ele defendeu uma ampla mobilização da sociedade no sentido de pressionar o Governo Federal a liberar mais recursos através do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao presidente da OAB, o secretário explicou que o setor exige uma rápida resposta na parte de urgência e emergência para, em seguida, começar a ser estruturados os programas de atendimento básico. Se eu resolver a questão da emergência, me darei por satisfeito acentuou.
O secretário de Governo, Dilemário Alencar, destacou que os problemas da saúde em Cuiabá não difere muito da realidade nacional. Ele, contudo, criticou a forma como vêm sendo conduzidas as denúncias sobre o setor, pelo Sindicato dos Médicos. O movimento dos médicos tem um tempero político muito forte disse. Dilemário acompanhou Maluf no encontro com Faiad. Pela OAB também esteve presente a presidente da Comissão da Infância e Juventude, Rosarinha Bastos, a secretária-geral Luciana Serafim, e também o tesoureiro Hélcio Corrêa Gomes.