Insatisfação e muita revolta. Esse é o clima dentro da Cadeia Pública de Comodoro, cidade localizada a 656 quilômetros de Cuiabá, no Noroeste do Estado. É um lugar pronto e acabado para sediar uma rebelião se medidas urgentes não forem tomadas disse o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso, Francisco Faiad. O principal problema a exemplo do que acontece em quase todo o Sistema Prisional de Mato Grosso é a superlotação: a cadeia tem capacidade para 32 detentos e está com 58.
Uma boa parte dos presos da Cadeia Pública de Comodoro, no entanto, não são do próprio município. De acordo com a direção do presídio, 20 detentos são da cidade de Sapezal, distante 120 quilômetros. Em Sapezal não existe cadeia. Essa é uma das grandes reclamações: todos os presos de lá acabam ficando aqui, gerando todo o clima de insegurança, já que a situação é de grande risco frisou Faiad. O presidente da OAB esteve no local a pedido de familiares dos presos e também dos próprios advogados que militam na Comarca.
Na visita ao presídio, Faiad ouviu relatos de um detento que está há oito meses presos porque foi pego furtando uma lata de energético Red Bull. Os presos também dizem que muitos já poderiam estar livres, mas seus processos estão parados. Na cidade não existe defensor público. Os presos nos pediram que os auxiliassem no trabalho de revisão de suas penas assinalou, ao lembrar que a grande maioria dos motins e rebeliões ocorrem por revolta quanto a penas já cumpridas. Em Comodoro a situação só não chegou ao extremo porque os presos consideram boa a administração do diretor da Cadeia Pública, Marco Antônio Zimmerman.
O Governo precisa tomar urgentemente uma atitude quanto a questão carcerária ponderou Faiad, que também voltou a reclamar da falta de defensores públicos. O Estado está deixando de agir para que o cidadão possa ter acesso à Justiça. Os detentos pediram ao presidente da OAB que intervenha junto a Secretaria de Justiça e Segurança Pública para que, para amenizar a situação a curto prazo, seja instalado um telefone público na cadeia e implantação de um pátio para atividades físicas. Até que seja construída a Cadeia em Sapezal.